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O Resgate

  • Foto do escritor: Marina Ruperto
    Marina Ruperto
  • 6 de mar. de 2019
  • 2 min de leitura

Seus olhos pintam um asfalto escuro que eu pisei pelas ruas desde lá. E tu me dizia das tuas conquistas como quem vinha ganhando uma guerra travada há anos. Eu bebi dessa tua vitória com gelo e limão enquanto a noite passava aos poucos. 

Eu não era uma certeza como antes ou uma gigante intocável, eu mais parecia um borboleta livre leve e murcha. Murcha das dores e lágrimas que desidrataram qualquer potência que existia. Porém naquela noite eu apenas deixei-me absorver a tua grande energia, a tua nobreza de estender a mão. E, assim, eu a segurei. 

Meu corpo era um grande espaço em que eu pouco habitava, pois eu me sentia tão pequena, tão frágil como se eu pudesse esfacelar em um ou dois minutos. Eu provavelmente nunca mais me sentirei como eu me senti naqueles dias.

Seguiram as horas com nossas falas sincronizadas em um ritmo do instrumental fino que se ouve ao longe do fundo de uma caixa de música; nossos gestos transformaram-se em dança essencial e nós apenas fizemos a nossa parte. 

Foi simplesmente inevitável. O que se vinha ao longe era algo maior e mais pesado e ali nos limitamos ao prelúdio. Ainda que meu riso fosse pela metade, por dentro eu sentia extrema satisfação e pude sentir vindo de você a mesma necessidade, uma vontade de derramar, extravasar o que vinha carregando alto nos ombros.

As luzes piscavam ao norte, como era de costume, enquanto eu lia em minha mente o meu próximo passo. Foi quando eu percebi que não havia nada, e assim, foi que me alma se abriu. Eu já não tinha mais escolha. E pra você que nada esperava além do meu olhar e atenção foi como uma surpresa nebriante. 

Tudo foi certo, encaixado e simples. Era não só o prelúdio, mas sim, todas as cachoeiras que um dia visitamos juntos: uma correnteza forte com uma queda alta que nos atingiu. Assim a força avassaladora nos impediu de pensar, apenas fizemos o que devia ser feito, abrimos nossos olhos e vimos que não restava mais nada além de mim e você.  


 
 
 

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Marina Ruperto Mallosto das Chagas

Médica  amante da arte e filosofia;

Libriana do riso frouxo  e cabeça nas nuvens. 

Em alto mar é mais do que um lugar, uma ideia ou uma forma de viver.

É  a busca, o renascer, o sentido e o sentimento.

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