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"Reumanização" da Medicina: uma bússola no meio do deserto

  • Foto do escritor: Marina Ruperto
    Marina Ruperto
  • 8 de out. de 2018
  • 3 min de leitura

Como fica a medicina no cenário socioeconômico atual brasileiro? Qual é o verdadeiro papel do médico? Como interna de medicina, várias vezes me questiono até que ponto vai a atuação do médico dentro da equipe em que ele está inserido. Não entrarei no mérito do que é o Sistema Único de Saúde, muito embora, eu tenha uma visão bastante otimista comparado àquela dos meus colegas. Ao se aprender as bases teóricas do SUS, como assim vale para qualquer conhecimento antes de ser aplicado, percebe-se muitas dissonâncias do que se vive na prática diária da medicina. Obviamente existem barreiras pelas quais, nós enquanto médicos, não podemos transpor. Porém como agiremos de forma organizada e coerente diante dos acontecimentos políticos do país? É uma reflexão. Não trago respostas, quem me dera eu as tivesse. No entanto busco entender um pouco qual é o cerne de tamanho descontentamento por parte das Sociedades e Instituições médicas em relação a medicina pública. Como não sou nenhuma expert no assunto, recorro a um trabalho que exprime parte da minha reflexão: Os enormes progressos alcançados graças às ciências físicas, químicas e biológicas, aliados aos desenvolvimentos tecnológicos, foram, cada vez mais, redirecionando a formação e a atuação do médico, modificando também sua escala de valores. Na medida em que o prestígio das ciências experimentais foi crescendo, o das ciências humanas esvanecia-se no meio médico. História, literatura e filosofia não deixavam de ser ciências importantes, mas para o médico pouco podiam acrescentar agora que as novas descobertas e métodos efetivamente científicos abriam novas dimensões.

[A (re)umanização da medicina - Unifesp] O século XIX, portanto, demonstrou uma ruptura daquele médico anteriormente engajado socialmente para um profissional que busca antes de qualquer coisa um método experimental eficaz para embasar sua prática: a tal medicina baseada em evidências. O contraponto é que já existe um movimento na saúde pública que chama atenção para o resgate ao modelo humanista. Isso na verdade, não é nenhuma novidade. O processo de conversão do modelo de atenção para Estratégia Saúde da Família já está acontecendo em todo o país, dando prioridade àquelas regiões que tem mais necessidade (respeitando o princípio da Equidade do SUS). A ESF busca implementar não só ações de prevenção, mas também curativas, buscando atuar diretamente junto à comunidade. Toda evolução vem chacoalhar estruturas e com ela também deve haver a adaptação. Entretanto, existe ainda uma resistência principalmente por parte dos funcionários mais antigos. Já que estamos falando de mudança, retorno a minha questão inicial, até onde vai o papel do médico nesse processo? Ora, na Universidade temos matérias básicas como citologia, histologia e bioquímica até algumas mais complexas como fisiologia, semiologia e genética (que pra mim é a mais difícil de todas). Além dessas, ainda existem aquelas que poucos lembram: a tal bioética ou ética médica. A ética médica é, se não o assunto mais delicado, um dos mais delicados, no curso de medicina. Ao passo que frente a tomada de tantas decisões o médico se vê constantemente colocado em cheque sobre o que fazer. Afinal, cada paciente é um ser humano singular, apesar de todas as semelhanças que o classificam como tal. Deve-se entender agora aquele paciente não mais como um chagásico simplesmente e sim como um indivíduo que morou longos anos em uma região endêmica para tal doença, inserido em uma realidade adversa, muitas vezes privado de uma assistência de qualidade ou desprotegido pela ignorância de talvez nunca ter frequentado um serviço de saúde. Bem, este é apenas um exemplo. O que eu quero dizer? Enxergar a multiplicidade das pessoas não é tão simples assim... Como então poderemos ser coerentes e ao mesmo tempo engajados em todo o processo de mudança que está acontecendo na Saúde Brasileira?

Precisamos trazer à tona discussões inteligentes sobre saúde e, principalmente, educação em saúde. Até porque vivemos um momento-chave em que não se deve eximir de um posicionamento crítico, porque se não daremos voz ao discurso sem fundamento algum. É necessário uma boa dose de racionalidade, endovenosa em bomba de infusão contínua, por favor!


 
 
 

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Marina Ruperto Mallosto das Chagas

Médica  amante da arte e filosofia;

Libriana do riso frouxo  e cabeça nas nuvens. 

Em alto mar é mais do que um lugar, uma ideia ou uma forma de viver.

É  a busca, o renascer, o sentido e o sentimento.

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