Contemporâneo
- Marina Ruperto
- 14 de set. de 2018
- 2 min de leitura

Parte I: O Caos
Desce a encosta Cinco passos à frente Vou adiante Paro, perco Três passos atrás Eu olhei o horizonte Acabei esquecendo Das pedras que cortam Corais que invadem A maré enche Areia some Sol se põe Lua sorri Efemeridade Ferrugem Cor do sangue Travessia rosa-anil Cinco sentidos O primeiro passo à frente pela busca O segundo pela novidade O terceiro pelo despertar O quarto pela sintonia O quinto para eternizar O mesmo barco de ida É o da volta A pegada ao contrário Na areia O primeiro passo atrás pelo destino irremediável O segundo pela auto-destruição O terceiro para a redenção Eu paro, vejo Tenho dois passos à frente Ainda? O saldo é positivo Pela certeza da lembrança Pelo gosto do mistério E no fim Eu continuo no mesmo Ponto de partida O barco, o cais O caos.
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Parte II: Da Tempestade à Calmaria
Intensidade é minha Na bolsa, no bolso Dentro de algo Que queima, fura De romper tudo Tu é brisa Eu o vento Tu o pingo Eu trovão Nem os mil quilômetros Nem os meses corridos Festas, feriados, férias, fé As boas novas vestidas pra sair Nem aquela timidez de sentir
Tira a verdade do bolso Dá a bolsa, sai comigo Queime a pele, deixe doer Fique na sombra, deixe doer A dor será igual Não tiro sua venda Tire a si próprio Quem sabe assim Possa encarar-se
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Parte III: A Luz
Vagalumes no horizonte Vestidos de postes Piscam, rodam Formam o desenho Da cidade de lá. Quantos quilômetros São necessários Para ver Nada além de ondas? Eletromagnetismo Conversão de energia Nada se cria Tudo se transforma. Eu vi todos os três estágios O animal, o inseto O objeto, a matéria A onda, a energia. Ainda que a faísca A fonte geradora Seja mais importante A mais potente Nada lhe basta Nada além da Verdadeira razão O ar: Processos mentais Comunicação Expansão E no fim
Gratidão.
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Parte IV: A Cidade
Se eu for essa cidade
E cada esquina uma veia
Venha
Eu coloquei o Farol
Você acendeu a lâmpada
Tu construíste o poste
Ele limpou a calçada
Elas puxaram os fios
Nós erguemos a lua
Sem nos darmos conta
Que nas quinas e pontas afiadas
Foram as lixas o luxo
Dinheiro é papel
Conserto ou concerto?
O s ou o c
É a sintaxe de um amor que não tem regra.