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Trouxas são almas que buscam profundidade em um mundo cada dia mais superficial


...Trouxas são pessoas que ainda vivem com a alma, que doam de si e que esperançosamente esperam ser correspondidos. São pessoas que, apesar de verem um mundo onde cada vez mais predominam os relacionamentos fugazes, ousam em se aprofundar...

Conhecer alguém pra mim é como conhecer uma página em branco. A partir do momento em que eu troco algumas dúzias de palavras com essa pessoa, crio algum significado dela pra mim. Antes eu poderia ter um conceito prévio, mas a partir do segundo em que eu a conheço, começo uma relação totalmente nova. É como uma página em branco.

Acredito que eu lido assim com as pessoas porque eu acredito no melhor delas. Claro que eu não sou perfeita e faço muitos pré-julgamentos do que não sei/conheço. Mas sempre que posso, tento ser imparcial com as pessoas. Essa é a maneira saudável que vejo de me relacionar.

Muitos amigos me dizem que com esse meu jeito fica difícil alguém desgostar de mim. Eu acredito neles… Não gosto de pouquíssimas pessoas. E, do fundo do meu coração, se houvesse uma oportunidade para que eu pudesse mudar a ideia que eu tenho sobre elas eu prefiro escolher esse caminho. A verdade é que odiar é muito difícil. Eu definitivamente não sei guardar rancor das pessoas. Já vivi situações que me davam subsídio mais do que suficiente para guardar rancor e eu simplesmente fiquei com raiva na hora e depois de poucos dias já estava numa boa.

Eu tenho fé em uma lei muito simples da convivência: o que é verdadeiro permanece e o que é frágil ou falso a vida se encarrega. Eu posso perceber como amadureci acreditando nisso. Antes eu pensava que certos eram aqueles que não tinham papas na língua, hoje eu vejo que certos são os que permanecem calados.

As pessoas são diferentes, entende? Eu não posso interferir na vida de alguém que pouco se importa comigo. Se eu tenho um bom conselho para dar, eu dou. Se eu não tenho muito a acrescentar eu fico quieta. O silêncio é sábio. Me aborreci com amizades que julguei serem verdadeiras, lutei muito em vão por pessoas que nunca reconheceram meu valor e hoje eu vejo como eu estava desesperada para que pessoas que não me enxergavam me enxergassem. Muitos de nós fazemos isso, trocamos nossa inocência por pessoas cegas. Que às vezes não são pessoas ruins, apenas são pessoas que não enxergam com a alma. Ou talvez são pessoas que ainda não se encontraram, que vagam procurando sentido em outras pessoas quando não percebem que estão vazias por dentro. Pois, veja: ninguém que está bem resolvido consigo precisa iludir. Iludir é atitude de quem é falso consigo mesmo. Essas pessoas muitas vezes fazem isso inconscientemente.

Quando aquela pessoa que te fez de “trouxa” ressurge como se nada tivesse acontecido e tenta uma reaproximação o que acontece é que na verdade ela realmente acha que está tudo bem. Ou ela não enxerga o próprio erro, ou ela não tem autocrítica o suficiente, ou na pior das hipóteses, ela realmente quer te fazer de “trouxa” de novo. Em qualquer uma dessas situações a verdade é uma: ela não está bem consigo mesma. Veja o quanto deve ser ruim ter que brincar com os sentimentos de alguém para satisfazer o próprio ego. Pelo menos é assim que eu penso: o que é mais nobre: ser “trouxa” ou fazer alguém de “trouxa”? eu prefiro a primeira opção.

Acontece que os trouxas são as pessoas que ainda vivem com a alma, que doam de si e que esperançosamente esperam ser correspondidos. São pessoas que, apesar de verem um mundo onde cada vez mais predominam os relacionamentos fugazes, ousam em se aprofundar.

Não é fácil gostar de alguém quando essa pessoa é muito diferente de você, o que deve existir é um respeito mútuo e uma vontade genuína de ser justo com os sentimentos daquela pessoa. Quando eu vejo que alguém mostra um carinho por mim, eu me sinto estimulada a retribuir esse carinho e vejo o quanto é positivo para a minha vivência.

Quando uma pessoa especial pra mim me diz que quer muito me ver e não se esforça de nenhuma forma para isso o que eu penso hoje é o seguinte: ele não está disposto a gastar o tempo dele comigo. Eu estou disposta a gastar minha energia com alguém assim? E é dessa forma que eu chego a conclusões sólidas baseadas no bom senso. Por que eu devo considerá-lo especial?

A reciprocidade é uma palavra muito bacana para sintetizar o que eu creio ser o mais importante nas nossas relações. Ela diz o seguinte: eu te tratarei da forma como você me tratar. Mas eu, Marina, adiciono um adendo nessa definição: com limites. Se você me tratar mal o máximo que eu farei a você é ignorar. Porque definitivamente gastar a energia com coisas ruins não faz meu estilo. Eu posso querer instintivamente o mal de alguém, mas quando a raiva passar, fica apenas um vazio e é aí onde reside o meu silêncio.

O silêncio magoará aquele que se importa. Não dizem que o pior ataque é a indiferença? Pois então, o máximo que alguém deve ter de você é sua ausência, sua indiferença. Se ela merece as trevas ou não isso não cabe ao seu julgamento. Novamente repito o que disse no início: o que for verdadeiro reina e o que for frágil/falso a vida se encarrega.

Sabe o que é? A gente não pode gastar energia guardando rancor das pessoas… Traz um mal danado, a gente fica travado, não consegue agir naturalmente. Bom é estar com a consciência limpa de que você fez o seu melhor para alguém e que aquela pessoa simplesmente vacilou contigo e bola pra frente.

Quanto mais o tempo passa mais eu confirmo minha teoria e todos os dias eu durmo em paz com isso. Ninguém é tão ruim que mereça meu ódio, muito embora, repito, eu não seja perfeita e um sentimento ruim surja de início. O que a gente deve fazer é combater ativamente essas energias carregadas…. Eu to aqui para aprender. “aprender ou mais tentar”.

Não nasci para competir com ninguém que não eu mesma.

Não viverei a maldizer as pessoas.

Não posso acreditar que uma vida plena possa ser construída com base em relacionamentos superficiais, baseados em interesses supérfluos.

Eu simplesmente tento caminhar com minhas próprias pernas e adquirir a minha independência que eu sempre desejei.

Nós não precisamos das pessoas, nós apenas nos agarramos àquelas que nos suportam por mais tempo e com as quais o brilho no olhar fica mais vívido.

A reciprocidade é a melhor forma de regular um relacionamento saudável.

Relacionar-se é aprender todo dia que não existem regras.

E que a gente tenta, ainda assim, irremediavelmente ditar maneiras saudáveis de se relacionar...


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